Com minha experiência no setor da construção posso afirmar que, o maior desafio para a Gestão de Controladoria desse setor é apropriar o custo incorrido da obra em conformidade com o custo orçado. Afinal, as principais linhas do demonstrativo de resultado, linhas de receitas e de custos, estão fortemente ligadas a esta relação: custo incorrido/custo orçado (ou método “POC”).
O “POC”, Percentage of Completion ou Percentual de Obra Concluída, é o método indicado para o reconhecimento de receita na atividade de construção (incluindo incorporação imobiliária). Trata-se do reconhecimento da receita ao longo do tempo, pela relação entre o custo incorrido e o custo orçado do projeto (custo incorrido/custo orçado). Parece simples, né?
Ocorre que, a qualidade da apropriação do custo incorrido está condicionada a qualidade do custo orçado. Ou seja, um orçamento detalhado da construção/obra é de vital importância para todo o processo: programação de compras e previsão financeira das mesmas; previsão de receitas e orçamento empresarial; reconhecimento da receita; entre outros.
Para o correto uso do POC, o custo incorrido deve considerar a realização do que está previsto no custo orçado. Retrabalho, por exemplo, deve ser apropriado “diretamente ao resultado” e nunca apropriado ao custo incorrido. Caso contrário, a duplicidade pelo retrabalho resultará em um duplo avanço na evolução do projeto/obra para efeito de reconhecimento de receita.
Por tanto, muito cuidado com a antecipação de receitas por mal uso do POC! No final do projeto/obra poderá “sobrar custos e faltar receitas”, pelo fato de apropriar custos não orçados como custo incorrido (com retrabalho, por exemplo).
Na atividade de incorporação imobiliária há um outro ponto relevante, que resulta em grandes diferenças no demonstrativo de resultado, trata-se das unidades habitacionais disponíveis para venda. Pelo regime de competência, se não há venda, não há de se reconhecer receita, tão pouco custo, no demonstrativo de resultado. Os custos incorridos da unidade imobiliária disponível para venda é um patrimônio (estoque de obra em andamento).
Por fim, no setor de construção para que se tenha uma coerente mensuração do resultado no decorrer dos projetos, a área de controladoria deve observar o custo orçado e manter mútua cooperação com os gestores de obras.
Por Manoel Diniz Neto – Consultor e Fundador da Blua Consultoria