Costumo dizer que custo é uma despesa que percorre um caminho mais longo até chegar ao resultado, por ter relação com a receita (ou seja, devido ao regime de competência). O sistema de custos industriais tem a importante responsabilidade de mensurar os valores dos estoques dos produtos. Para isso são muitos os métodos de custeio disponíveis. Mas, seja qual for o método de custo, para uma efetiva Gestão de Controladoria e Corporativa faz-se necessário o detalhamento do custo direto variável, para que se conheça à margem de contribuição.
O método de custo por absorção é o mais indicado para indústrias do lucro real, pois, é o método de valorização de estoques aceito para fins fiscais (IRPJ e CSLL). Entendo tratar-se de um método limitado para uso na formação do preço de venda, principalmente por utilizar preço histórico dos materiais (insumos e matéria-prima).
O custo-padrão é uma metodologia muito utilizada na formação do preço de venda, principalmente por indústrias que produzem sob encomenda: que vendem antes de produzir. Como os segmentos de máquinas e equipamentos, embalagens, gráfico, etc. Contudo, essa metodologia é pouco utilizada para mensurar o valor dos estoques por não ser aceita pela legislação fiscal (IRPJ e CSLL).
Assim, tenho algumas premissas quando o assunto é custo para formação de preço de venda, são elas: calcular o custo do produto pelos preços de reposição para os materiais (se possível nenhum material pelo custo histórico), para mitigar abrupto aumento por necessidade de capital de giro; adotar uso do custo-padrão, com quantidade padrão e preços de reposição para os materiais; utilizar markup divisor – apenas assim é possível calcular corretamente as variáveis sobre o preço de vendas (tributos e comissão, por exemplo); dispor do custo direto variável e da margem de contribuição – a partir de certo volume de produção vender com markup menor pode ser um bom negócio.
Ressalto que é importante identificar e separar os setores produtivos e os produtos intermediários (que podem ser vendidos naquela forma ou passar por novo processo e ganhar valor agregado), de modo que os custos/recursos de produção (máquinas, pessoas, energia, etc) sejam apropriados com a maior precisão possível (por exemplo, um produto que não recebe pintura não deve receber apropriação dos custos do setor produtivo de pintura).
Contudo, a melhor técnica para a formação do preço de venda é a observação do preço de mercado. Sua não observação pode representar perdas significativas. É papel da Gestão Corporativa agregar valor ao negócio: vender melhor e produzir por menos.
Por Manoel Diniz Neto – Consultor e Fundador da Blua Consultoria